8 de dezembro de 2008

Mais um assassino solto

Imagine um bandido com uma pistola. Ele mata 3 e fere 4 gravemente. O criminoso diz que "foi um acidente". Você deixaria uma pessoa dessas sair da prisão no mesmo dia em que entrou, levando embora sua pistola? Você acharia R$ 5.000 uma fiança justa para liberar esse sujeito?

Agora, imagine as mesmas vítimas, mas mortas e feridas por alguém dirigindo um carro em alta velocidade. E se o motorista, ainda por cima, estivesse bêbado?

Foi o que aconteceu hoje, em Cubatão-SP. O sujeito matou 3, feriu 4, pagou R$ 5.000 e saiu de lá com a carteira de motorista e tudo. Detalhe: o carro que ele dirigia era um Astra, não um Fusca.

Assim como 95% dos desastres automobilísticos, isso não merece ser chamado "acidente". É um crime e tem que ser tratado como tal.

Defendo o Estado de Direito, o direito à ampla defesa e não tenho nada contra o direito de fiança. Porém, penso:
1) Uma vez que o criminoso foi preso em flagrante, não recomendaria a prudência e o bom senso impedi-lo de cometer novos crimes ao ser solto? O CTB não deveria prever a suspensão automática do direito de dirigir nesses casos? Hoje, só após condenado pelo juiz é que o criminoso tem que devolver a CNH, e ainda assim só até passar por um curso de reciclagem.

2) Se o criminoso tem um patrimônio de no mínimo, digamos, R$ 20.000, que é o próprio Astra que ele usou para os homicídios / lesões corporais, por que estabelecer a fiança em 25% disso? A Lei não deveria estabelecer uma fiança de, no mínimo, o valor do veículo que o motorista estava dirigindo?

6 de dezembro de 2008

É hora de comprar?

Ontem, o presidente Lula disse que é hora de comprar. Afinal "deixando de comprar as fábricas não produzem mais automóveis e outros bens duráveis, o que pode fazer com que as montadoras de veículos promovam demissões" (grifo meu).

Duas afirmações, no mínimo, duvidosas.

Comecemos pela última. É claro que, se as fábricas não produzem, elas vão colocar gente pra fora. Porém, a indústria automobilística, que é a preocupação maior do presidente, mudou bastante nos últimos anos. O setor era intensivo em mão-de-obra, sendo quase automaticamente associado à figura do operário. Hoje, é intensivo em capital, com a maior parte das tarefas automatizada, seja por questões de segurança, qualidade ou produtividade.

As montadoras hoje empregam 113 mil pessoas. E isso ainda inclui ônibus e caminhões (mas a gente não vê o Lula falando "vamos comprar mais ônibus"). É pouca gente para o investimento dezenas de bilhões em máquinas, equipamentos, pesquisa e desenvolvimento e, claro, propaganda.

Aí tem os famosos "empregos indiretos". Ou deveríamos dizer "subempregos"? Alguém aí quer trabalhar em concessionária, oficina, estacionamento, posto de gasolina, lava-jato, ferro-velho? (Eu sei que é melhor que a fila do INSS, mas vamos pensar no custo de oportunidade...)

Ah! E "o setor gera impostos". Mas tirando todos os incentivos fiscais e para-fiscais (como empréstimos a juros camaradas no BNDES), e os custos de externalidades (poluição, congestionamentos e "acidentes"), não se justifica.

Passemos então à primeira afirmação: é hora de comprar alguma coisa? Com a renda fixa rendendo 13% ao ano, o dólar a R$ 2,50 e o IBOVESPA em 35 mil pontos, eu diria que sim. É hora de comprar títulos do Tesouro e talvez ações. Automóvel? Nem pensar.

1 de dezembro de 2008

Dez dicas para fazer supermercado (sem carro, claro)

Uma das perguntas que eu mais ouço quando falo que não tenho carro é:"Como você faz com as compras de supermercado?"

Sem mais delongas, aqui vão minhas 10 dicas:

  1. Saiba o que e quanto comprar. Antes de sair, veja o que você já tem. Calcule seu consumo. Faça listas, mentais ou em papel: mesmo que elas não sejam seguidas à risca, dão um bom balizamento. Afinal, você não vai querer ter o trabalho de comprar e carregar coisas só para jogá-las fora depois, não é mesmo?

  2. Faça a maior parte das compras no supermercado mais próximo. Ter pelo menos um supermercado com acesso fácil é importante se você quer deixar de depender do automóvel.

  3. Se você vai a pé, em vez de fazer compras uma vez por semana ou a cada 15 dias, faça a cada 2 ou 3 dias. Menos coisas para carregar de uma vez só é um fator chave. Bônus: comidas mais frescas e mais promoções.

  4. Uma boa mochila é essencial. Em termos de conforto e eficiência, elas batem as sacolas plásticas de longe. Sem falar, é claro, na ecologia. Uma sacola de pano reutilizável também é uma boa idéia, para as compras menores. Uma sacola de plástico-bolha é útil para transportar itens refrigerados e congelados sem sustos.

  5. Uma bicicleta com bagageiro te dá duas vantagens: você tem mais supermercados para escolher, não só o da sua quadra, e você não carrega peso: é só colocar as compras na bike e pedalar. Acho que a melhor maneira de arrumar compras em um bagageiro é levar a sua mochila, encher a mochila, fechá-la e amarrá-la no bagageiro. Mesmo que você vá ao supermercado mais próximo, é melhor ir de bicicleta quando for comprar itens mais pesados (material de limpeza, por exemplo).

  6. Vários supermercados no Plano Piloto deixam a gente levar os carrinhos até os blocos. Se você se empolgar ou precisar comprar mais do que dá pra carregar, essa é uma ótima solução.

  7. Às vezes, não tem outro jeito a não ser fazer compras de ônibus. Quando eu morei em Águas Claras, o único supermercado que existia ficava do outro lado da cidade. Valem os mesmos cuidados das compras a pé: levar mochila e não se empolgar na quantidade. Como não dá para ir ao supermercado com tanta frequência, o planejamento correto das compras é de extrema importância. Além disso, vá fora dos horários de pico do sistema de transporte: ninguém merece andar num ônibus cheio com uma mochila cheia.

  8. Menos volume, menos peso = mais eficiência! Os itens mais pesados das compras, em geral, são aqueles onde a gente está transportando... água! Não precisamos fazer isso, já existe um elaborado sistema da CAESB para fazer chegar água potável às nossas casas. Portanto compre: leite em pó em vez de leite em caixas; chá em pó em vez de chá em garrafas; suco concentrado em vez de suco pronto; desinfetante concentrado em vez de diluído; e assim vai.

  9. Faça compras pela Internet: se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé. Minhas experiências até hoje foram muito positivas. Os supermercados foram sempre cuidadosos em escolher as melhores frutas e verduras. Os frios e congelados vêm em embalagens apropriadas. E você recebe tudo no conforto da sua casa, no horário marcado. Ah, sim: quando eu fico com pena de pagar R$ 9 de taxa de entrega, eu me lembro dos R$ 900 por mês que custava meu carro.

  10. Se não der pra fazer nada disso (tipo: você precisa comprar 50 litros de refrigerante para uma festa de aniversário), bata no ombro da sua mãe, sogra, cunhado ou melhor amigo, explique a situação e peça uma carona ou o carro emprestado por algumas horas. Se todos recusarem, chame um táxi. Obviamente, esse é um último recurso: não abuse!