16 de setembro de 2009

Armadilhas do carro nas finanças pessoais (3)

Este é o capítulo final da série sobre armadilhas do carro nas finanças pessoais, com mais 3 armadilhas:

Armadilha 4: Negligenciar as pequenas despesas
Problema: R$ 1,00 para o flanelinha, R$ 2,00 no estacionamento da faculdade, R$ 7,00 no lava-jato. Parece pouco, mas ao longo de um ano isso soma R$ 1.200 -- ou uma passagem aérea Brasília - Salvador de ida e volta para duas pessoas.

Solução: Anote tudo que for relacionado com o carro. Separe o dinheiro pequeno em algum lugar, de onde você só tire para isso, sem misturar com outras despesas (um envelope, ou pote qualquer).

Armadilha 5: Carro não é investimento, juros são despesas
Problema: Se você comprou um carro a prestação, as parcelas não são um "investimento". Investimento é o que rende dinheiro. Automóvel só gasta dinheiro. Pode até ser que você esteja aumentando seu patrimônio, mas isso só acontece se depois de descontados os juros e a depreciação (ver Armadilha 2), o valor for positivo.

Solução: Procure saber ou calcule quanto você está pagando de juros. Em geral, os financiamentos de veículos são feitos com a Tabela Price, onde as prestações são fixas e os juros decrescentes. Como em qualquer financiamento, em um determinado mês, o valor dos juros é a taxa multiplicada pelo saldo devedor. Não esqueça de acrescentar os itens acessórios como seguros e taxas do banco.

Exemplo: Se você pegou financiamento a 1,48% ao mês e seu saldo devedor é R$ 15.000, você precisa contabilizar R$ 222 como juros. Só o resto da prestação vai para abater sua dívida.

Bônus: Se você acredita que o valor do carro poderia estar em outro lugar, por exemplo, uma aplicação financeira, então o custo da perda desse valor deve ser também contabilizado (chama-se "custo de oportunidade"). O princípio é o mesmo: se seu carro vale R$ 15.000 e a aplicação financeira está rendendo 0,9% ao mês, você deixou de ganhar R$ 135. Deixar de ganhar e gastar são a mesma coisa.

Armadilha 6: Não esqueça de somar tudo!
Problema: Entre juros, depreciação, consertos, impostos, combustível, estacionamento... quanto custa, no final das contas, manter o seu veículo? É um preço que vale a pena?

Solução: Some tudo por no mínimo um ano. Considere o custo de soluções alternativas: quanto custa um ano de transporte público todos os dias? Quanto custa um ano de transporte público 6x por semana e táxi 1x por semana? Se vale a pena o gasto a mais ou não, é uma questão que só você pode responder.

Exemplo: Neste outro post, eu calculo preços típicos de manter um automóvel. Se você encontrar algo muito diferente, escreva para mim. Ou eu fiz contas erradas, ou você está esquecendo alguma coisa.

9 de setembro de 2009

Armadilhas do carro nas finanças pessoais (2)

No meu último post, estava falando sobre as armadilhas que o carro coloca para quem quer fazer um bom orçamento e assim assumir o controle financeiro da sua vida. Hoje vou analisar 3 delas, outras 3 ficam para o próximo post. Aí vão:

Armadilha 1: Contabilizar despesas grandes só no mês do vencimento.
Problema: Despesas muito importantes relacionadas aos veículos ocorrem anualmente, e não mensalmente: IPVA e seguro, principalmente.

Solução: Guarde todo mês dinheiro que seja suficiente para essas despesas no ano seguinte. Contabilize esse montante como "despesa com automóvel" e não como "investimento". No mês do vencimento, saque e pague à vista, o que costuma render descontos.

Exemplo: Se seu seguro custa R$ 1.500 por ano e você paga R$ 600 de IPVA, comece a guardar R$ 175 por mês para essas despesas, em vez de apertar seu orçamento no mês em que elas vencem.

Armadilha 2: Carros não duram para sempre.
Problema: Como qualquer máquina, o automóvel tem uma vida econômica limitada. Portanto, você precisará estar preparado para substituí-lo.

Solução: Estabeleça em quanto tempo você vai querer trocar de carro. Some esse tempo à idade atual do seu veículo e procure nos jornais quanto vale um carro igual ao seu dessa idade. Subtraia do valor do carro que você quer comprar e divida pelo número de meses que faltam para a troca. Guarde todo mês esse dinheiro. Contabilize esse montante como "despesa com automóvel" e não como "investimento".

Exemplo: Seu carro é 2007 e você quer trocá-lo daqui a 2 anos. Procure saber quanto custa um carro equivalente, dois anos mais antigo que o seu, ou seja, 2005, e o carro equivalente ao que você quer comprar (digamos, um zero km). Se o carro zero km custa R$ 46.000 e o 2005 está por R$ 25.000, você vai precisar juntar R$ 875 por mês. A não ser que você queira pagar juros, o que, no Brasil, é sempre uma péssima ideia.

Armadilha 3: Carros quebram quando você menos espera.
Problema: Ainda que você seja um dono cuidadoso e que faça as manutenções preventivas recomendadas, você estará sujeito a surpresas desagradáveis pelo caminho. Isso pode ser imprevisível, mas é absolutamente certo. Por isso, você precisa estar preparado.

Solução: Uma poupança para emergências gerais pode dar conta do recado, mas não ajuda você a descobrir quanto custa manter o carro. E, afinal, consertos são parte integrantes de possuir um automóvel. É melhor separar esse dinheiro em uma conta específica para este fim, que pode ser a mesma dos itens anteriores. A regra geral é: para cada R$ 1,00 que você colocar em combustível, separe R$ 0,50 para óleo, pneus, revisões... e quebras. E, sim, isso significa que na prática a gasolina custa R$ 4,00 o litro. Faz a gente pensar, não?

29 de agosto de 2009

Armadilhas do carro nas finanças pessoais (1)

Fui provocado a escrever mais mensagens sobre finanças pessoais. Acho que a Internet já tem excelentes sítios sobre o assunto, inclusive em português e destinados a leitores brasileiros. Primeiro vou dar um pontapé inicial para quem se sente meio perdido por aí. Afinal, coisas simples muitas vezes só se tornam simples depois de explicadas.

A Regra de Ouro das finanças pessoais é tão simples que dá pra escrever de várias formas:
- Você não pode gastar mais do que ganha.
- Tem que entrar mais dinheiro na sua conta do que o que sai dela.
- Suas despesas precisam ser menores que suas receitas.

Decorre daí que você precisa saber quanto ganha e quanto gasta, o que é fácil, mas requer que você faça um orçamento. O que não é um bicho de sete cabeças -- é simplesmente fazer uma memória que diz de onde vem e para onde vai seu dinheiro. Depois, você pode partir daí para começar a fazer previsões e planos para o futuro.

Automóvel é um bem que vai tornar o seu orçamento bem mais complicado. Envolve despesas anuais e mensais, fixas e variáveis, previsíveis e imprevisíveis. Por isso, você pode cair em algumas armadilhas.

Na verdade, toda a cadeia de produção do automóvel é feita para dar a impressão de que é tudo simples, e que se a compra cabe no seu bolso, então tudo bem. Infelizmente, não é bem assim. Nos próximos posts vou esclarecer alguns erros básicos envolvendo automóvel e orçamento.

20 de agosto de 2009

Brasilienses perdem respeito pela faixa de pedestre

A triste notícia é de ontem, do Correio Braziliense. O trânsito de Brasília está mais violento, pelo motivo de sempre: mais carros, mesmo espaço, nenhuma fiscalização resultam em mais pressa, mais acidentes e nenhuma punição. Como sempre, a corda arrebenta do lado mais fraco: os pedestres, principalmente crianças e idosos, e ciclistas.

É assustador que 2 pessoas por semana morram atropeladas nas vias do Distrito Federal, em uma média que já se realiza há anos. Pior que isso é saber que 10% dessas pessoas estavam atravessando uma faixa de pedestre, onde elas têm a preferência.

"Preferência" é uma palavra fraca, um termo meio técnico-legal que não diz muita coisa, traduz um direito de passagem que não é o principal objeto da faixa de pedestres. A travessia sobre a faixa, com todo respeito ao Estado laico, deveria chama-se "direito sagrado". Sim, porque não há quem discorde de que a vida humana é sagrada; ou, pelo menos, mais sagrada que a pressa...

Uma vez, quando trabalhava no Ministério das Cidades, ouvi o seguinte de um consultor internacional: "se a vida humana no Brasil fosse tão sagrada quanto as vacas na Índia, muita gente não ia querer andar de carro". Triste, mas ainda somos uma sociedade onde a vida do pedestre vale muito pouco. Mesmo com todos os "Paz no Trânsito".

O respeito à faixa é a vitória da segurança sobre a imprudência; da civilização sobre a baderna; da cidade para todos sobre o asfalto para poucos; da vida sobre a morte.

Da próxima vez que você estiver dirigindo com pressa, pense nisso, e preste bastante atenção nas faixas de pedestres. Elas estão lá para proteger o que há de mais precioso e sagrado no mundo -- a vida humana. Ainda há esperança para o trânsito brasiliense.

14 de agosto de 2009

Cada cidadão, um guarda de trânsito!

Governos modernos recebem por telefone ou pela Internet denúncias sobre assuntos que consideram de seu interesse: crimes em geral, corrupção de servidores, tráfico de pessoas, queimadas, pirataria e por aí vai. Apesar de não serem sistemas perfeitos, as vantagens são evidentes: ao dar um certo poder de polícia ao cidadão comum, inibe-se o descumprimento e aumenta-se a eficiência da fiscalização de uma lei.

Isso vale para muitas leis, mas não vale para o Código de Trânsito Brasileiro.

Sabemos que nunca haverá policiais militares ou guardas municipais ou agentes do Detran suficientes para fiscalizar todo o trânsito, simplesmente porque isso sairia caro demais para qualquer governo. Mas, tristemente, o cidadão não pode denunciar uma infração de trânsito! Ou a infração é flagrada pelo agente de trânsito, ou é como se ela nunca tivesse existido. Isso dá ao mau motorista a quase certeza da impunidade.

Em 1997, quando foi aprovado o CTB, uma denúncia dessas implicaria na prática a palavra do denunciante contra a do motorista. Mas hoje, com a evolução da tecnologia, é fácil usar um celular para fotografar um carro estacionado em local proibido, ou filmar alguém trafegando pelo acostamento. Cada cidadão munido com um celular com câmera está pronto a produzir provas irrefutáveis do abuso alheio.

Imaginem o efeito revolucionário disto: calçadas livres dos carros, veículos parando nas faixas de pedestres, o motorista correto não sendo ultrapassado pelos espertinhos no congestionamento, ninguém jogando lixo na rua, todos os motociclistas usando capacete.

O Brasil precisa tomar coragem e dar esse grande passo para um trânsito civilizado. Infelizmente estamos caminhando no sentido contrário. Vamos deixar de ser coniventes com os infratores. Denúncia eletrônica nos DETRANs já: cada cidadão, um guarda de trânsito!

4 de agosto de 2009

"Como comprar um carro sem gastar um centavo a mais no orçamento"

Recentemente, uma das maiores montadoras brasileiras lançou uma campanha de vendas cujo mote está no título acima. A propaganda na televisão mostra uma pessoa tomando banho quente e diz que com "pequenas medidas" dá para economizar o suficiente para levar um carro para casa.

Será verdade? Vejamos. O carro mais barato dessa marca custa hoje pouco mais de R$ 24.000. Começamos a fazer algumas contas:
1) supondo compra à vista, mês passado esse dinheiro rendia na poupança R$ 132 (se for a prazo, como sug
ere a propaganda, os juros são bem maiores);
2) o seguro desse carro vai ser cerca de R$ 2.592 por ano, ou seja R$ 216 mensais (assumir o risco de batida ou roubo, economicamente falando, é quase o mesmo que pagar seguro);
3) como carros não duram para sempre, quem quiser depois de 4 anos comprar outro igual vai ter que juntar, desde já, 25% desse valor, ou R$ 125 por mês (a conta aumenta para trocar mais cedo, por exemplo, para trocar com 2 anos, R$ 180);
4) o IPVA desse carro sairá cerca de R$ 720 por ano, ou R$ 60 mensais.

Então, o carro mais barato da propaganda, só para ficar parado na rua em frente à sua casa, vai lhe custar R$ 533 por mês. E você ainda vai colocar gasolina, óleo, pneus, revisões, estacionamento e tudo mais que um carro precisa. Mas como transporte público não é de graça também, vamos esquecer essa parte.

A grande maioria das pessoas não chamaria um corte de R$ 533 no orçamento de "pequena economia". A última Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE* revela itens que estão acima desse valor, mesmo para famílias com rendimento acima de R$ 6.000, são coisas onde é difícil fazer muita economia: aluguel, supermercado, plano de saúde e educação. A eletricidade, que aparece na propaganda, custa 1/4 desse valor em média.

Aplica-se melhor a esse caso o famoso mote do cartão de crédito: quem compra automóvel é porque acha que o conforto que ele oferece "não tem preço". Mas que não reste dúvida de que a mordida no orçamento será considerável. Dizer o contrário é, simplesmente, faltar com a verdade.

* A pesquisa é de 2003, mas corrigi os valores originais pelo IPCA com auxílio dos dados deste site.

29 de julho de 2009

Carta aberta à Ouvidoria do DER/DF

Prezada Ouvidora do DER/DF
Sra. Cátia Cilene

Recentemente, foi divulgado pela mídia local o projeto deste Departamento para requalificação do Trevo de Triagem Norte. Trata-se de um lindo projeto de Engenharia Rodoviária, mas uma intervenção ruim do ponto de vista urbanístico.

Como V.Sa. sabe, existe uma tendência atual, em especial nos países desenvolvidos, de procurar minimizar rupturas no tecido urbano causadas por grandes rodovias. Infelizmente, ainda não constatamos esta preocupação no projeto que foi divulgado.

Da maneira como está desenhado o novo trevo, um pedestre ou ciclista não consegue atravessá-lo, nem no sentido leste-oeste (do Setor Hospitalar para a SQN 216), nem no sentido norte-sul (do Plano para o Lago Norte), sem cruzar com intensos fluxos de veículos, arriscando sua vida.

Imagens de satélite da região disponíveis na Internet mostram claramente trilhas (caminhos improvisados) cortando a área em ambos os sentidos. Uma visita em campo também revelará que fluxos de pessoas não motorizadas ali são significativos. Há paradas de ônibus, oficiais e extraoficiais, de um lado e do outro do eixo. Ciclistas do Lago Norte atravessam a ponte para pedalar no Eixão aos domingos. Moradores do Varjão caminham diariamente até o final da Asa Norte para trabalhar.

Por isso, venho solicitar ao DER/DF que inclua passagens para pedestres e ciclistas na reforma do trevo. Faço-o através desta Carta Aberta, que divulgo aos meios de comunicação. Agradeço desde já a atenção de todos para esta importante questão.

Atenciosamente,
Rodrigo Ribeiro Novaes
Engenheiro e Gestor Governamental

Atualização:
Segue a resposta da ouvidora.

Prezado Senhor,

Em atenção ao email datado de 29-07-2009, o Diretor-Geral informa que serão inclusos passagens para pedestres e ciclistas no projeto de construção do Trevo de Triagem Norte.

Att.
Cátia Cilene
Ouvidora

23 de julho de 2009

SP: a discussão dos fretados

Para quem não está sabendo do que se trata, a Prefeitura de SP proibirá, a partir de 2ª feira, a circulação de ônibus fretados na região central da cidade. Novas linhas de ônibus serão criadas para atender aos usuários e serão estabelecidos pontos de integração com os sistemas de metrô e trens.

Será que o trânsito vai melhorar com isso? Resposta: é claro que não. É só fazer uma continha muito simples: em um ônibus cabem 40 pessoas. Esse ônibus usa menos espaço que 3 carros. Portanto, se houver uma migração de 10% do fretamento para o automóvel, o trânsito vai piorar.

Isso mesmo: estamos falando de apenas 10%. Não 20%, nem 50%, nem 80%. Não precisa ser um gênio para chegar à conclusão de que a regulação desse sistema não tem que ser por aí. Garantir a segurança sim, padrões de poluição sim, mas restringir a circulação e jogar o pessoal que paga para ter conforto e privacidade nos trens e metrôs lotados?

O que eu acho mais curioso são os comentários nessas reportagens. Tanto os usuários de automóvel quanto os de transporte coletivo morrem de inveja do usuário do fretado, que viaja "confortável e dormindo". É, parece que a coisa funciona bem mesmo!

Quem sabe, um dia, essa tecnologia "revolucionária" chega a Brasília. Ou, pelo menos, linhas de ônibus executivos, como já temos nas grandes capitais por aí afora...

Atualização: Os ônibus fretados geraram filas quilométricas nos pontos de parada previstos pela prefeitura e superlotação em estações do metrô. Protestos continuam a ocorrer. A prefeitura diz que o trânsito melhorou, mas parece que, diante dos transtornos, está flexibilizando a restrição.

18 de julho de 2009

Metrô x Esplanada: a integração que não deu certo

Há algum tempo, nesse post aqui, eu sugeri que os ônibus que vão para a Esplanada parassem mais próximos ao metrô na Rodoviária do Plano Piloto. Como, ainda bem, eu não sou a única pessoa que tem boas ideias, assim que começou a funcionar a integração tarifária, as linhas foram colocadas em frente à saída do metrô.

Já diz o ditado: de boas ideias o inferno está cheio. Nessa semana, as linhas integradas da TCB voltaram para o extremo oposto da Rodoviária. Motivos: o acesso do Eixo Monumental à Rodoviária é mais fácil por aquele lado e a plataforma perto do metrô vive congestionada com a saída dos ônibus de mais duas plataformas atrás dela.

Eu podia fazer o papel de blogueiro chato, e dizer que tem que ter faixa exclusiva, tem que otimizar o uso da Rodoviária e não colocar o pobre usuário para atravessar a pé o terminal. Mas eu sei o quanto essas soluções são difíceis em curto prazo. Acho que valeu a tentativa. Não deu agora, mas mostra uma boa possibilidade no futuro.

16 de julho de 2009

Moradores da SQS 205 querem mais estacionamentos

A reportagem está nesse link.

Alguns comentários:
Os moradores da SQS 205 estão cansados de chegar em casa e não encontrar vagas para os próprios carros. O drama de muitos habitantes do Plano Piloto é mais agudo na 205 Sul, onde nenhum dos blocos tem estacionamento interno ou coberto.

Drama é uma palavra meio forte, não? Drama é a situação dos moleques cheirando cola na Rodoviária do Plano. Ter que parar o carro 200 metros mais pra lá é, no máximo, uma inconveniência. Que aliás já deveria ser esperada por alguém que comprou ou alugou um apartamento sem vaga!

Angustiados com a dificuldade para estacionar em frente aos prédios, os moradores planejam propor à Administração Regional de Brasília uma troca dos espaços ociosos da quadra, como grandes calçadas de concreto e caixas de areia inutilizadas, por asfalto.

Muito gentil da parte deles. Porque a maioria faz sem pedir mesmo. Vejam o exemplo da SQN 402, bloco C:
[image]

Detalhe: do outro lado da rua, tem um estacionamento asfaltado que vive vazio. É, atravessar a rua para chegar em casa é demais. Muito melhor acabar com o gramado da cidade. Com a conivência do Detran e da prefeitura da quadra, é claro.

“São 11 blocos, que abrigam 594 apartamentos. Não temos vagas para todo mundo, muito menos para os comerciantes ou seus clientes”, reclama o prefeito da quadra, Artur Benevides. “O comércio está crescendo, principalmente por causa da lei que autorizou os puxadinhos”, completa.

Engraçado! Se bem me lembro, a classe média brasiliense foi a favor da lei dos puxadinhos, porque não queria perder o espaço extra do seu barzinho favorito invadindo a área pública...

Há até quem pare o veículo na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), vizinha à SQS 205, por falta de opções.

Do estacionamento da Deam até os blocos mais distantes, na diagonal da quadra, são 350 metros. Ou 5 minutos de uma caminhada em ritmo bem tranquilo... Que problemão, hein!

3 de julho de 2009

Táxi para o Aeroporto? Nunca mais!

Chega a época de férias e todo mundo vai viajar. Um jeito certo de ter que gastar uma grana é querer pegar um táxi nos aeroportos e rodoviárias. Isso vale não só no Brasil, mas no resto do mundo. Em vários locais, a exploração é legalizada e o taxista pode cobrar bandeira 2, a qualquer dia e horário, só porque você tem como origem ou destino o aeroporto. Brasília é assim. Em outros lugares, como Guarulhos ou Salvador, a simples distância do aeroporto ao centro da cidade já se encarrega de deixar a conta super-salgada.

Solução? Transporte público, nem que seja para sair de lá e pegar um táxi depois. Ah, sim... leve malas pequenas!

Aí vão algumas dicas, testadas e aprovadas por mim:
  • Brasília

    • Aeroporto

      • A parada de ônibus fica no setor Desembarque, em frente aos portões 1 a 4.

      • NOVO: Brasília já conta com ônibus executivos, com ar-condicionado, do Aeroporto para os principais pontos da cidade. A tarifa é R$ 8,00 e o trajeto cobre: Eixo Sul (parando nas estações de metrô 114 Sul, 108 Sul, 102 Sul e Galeria), Esplanada dos Ministérios e Setores Hoteleiros Norte e Sul. E o que é melhor: ao contrário dos zebrinhas, essa linha circula todos os dias, de 06h30 a 23h.

      • Outra opção, de 2ª a 6ª, de 07 às 20h, é o micro-ônibus laranja e branco apelidado de "zebrinha". Duas linhas fazem ponto no Aeroporto. Para a W3 Sul ou Norte (Setores Comerciais), pegar o nº 30. O nº 11, que segue pelo Eixo L Sul, é uma opção para quem vai à Rodoviária Interestadual, já que para em várias estações do metrô. A mesma linha também atende a Rodoviária do Plano Piloto (Conjunto Nacional). O nº 11 ainda vai para a Esplanada e L2 Norte, mas aí é melhor usar a linha executiva acima porque a linha dá muitas voltas. O preço do zebrinha é R$ 2,00 e do metrô R$ 3,00.

      • Os ônibus 102 e 102.1 vão para a Rodoviária do Plano Piloto, passando pelo Lago Sul (QI/QL 1 a 6), pela L2 Sul (quadras 410 a 416) e W3 Sul (quadras 516 a 502). O trajeto é ruim, por isso é melhor evitar estas linhas e usar o ônibus executivo acima.
    • Nova Rodoviária Interestadual

      • O metrô (R$ 3,00) fica em frente ao terminal (Estação Shopping). Atenção: nos fins de semana e feriados, o metrô fecha às 19h!

      • Se o metrô estiver fechado, o ônibus com ar 108.8 (R$ 2,00) vai para a Rodoviária do Plano Piloto, bem no centro da cidade, passando pela via W3 Sul, onde ficam os Setores Comercial Sul e Hoteleiro Sul. A linha circula até 23h, todos os dias.

  • São Paulo

    • Aeroporto de Congonhas

      • A parada de ônibus fica no setor de Embarque. Saindo do desembarque, faça uma meia-volta e atravesse todo o saguão do aeroporto até os balcões de check-in. Há um semáforo para travessia em frente à saída da Gol.

      • Para chegar ao metrô (para o centro ou Avenida Paulista), a melhor opção é o ônibus 675I (com a letra "i" mesmo, não é o número 1), sentido “Metrô São Judas”, do mesmo lado do aeroporto. Para a região de Santo Amaro (por exemplo, para ir ao Consulado dos Estados Unidos), a mesma linha, do lado oposto, sentido “Terminal João Dias”. Todos os dias de 04h40 à meia-noite. Ônibus + metrô: R$ 5,90 em dinheiro (o bilhete de integração em papel não existe mais), ou R$ 4,49 com o cartão eletrônico Bilhete Único, que pode ser adquirido em qualquer estação do metrô.

    • Aeroporto Internacional de Guarulhos

      • As paradas de ônibus ficam no setor de Desembarque. Os ônibus executivos (R$ 30) saem da calçada em frente ao terminal. Para o ônibus comum, atravesse até o canteiro central e procure pela placa que diz “Ônibus da EMTU”.

      • Os ônibus executivos requerem bilhetes, que são comprados dentro do terminal. Lá, o funcionário informará qual o melhor trajeto para você - são vários disponíveis: Barra Funda, Avenida Paulista, Centro/Hotéis, Aeroporto de Congonhas e Itaim Bibi.

      • Os ônibus comuns vão para o Metrô Tatuapé. É melhor pegar o número 257, que é expresso. O número 299 também vai para o metrô, mas leva uma eternidade pelas ruas da Zona Leste de São Paulo. Todos os dias de 05h à meia-noite (horários aqui). Ônibus + metrô: R$ 6,95

    • Rodoviária do Tietê

      • O metrô (R$ 2,90) fica ao lado do terminal.

  • Rio de Janeiro

    • Aeroporto Santos Dumont

      • A parada de ônibus fica no setor de Desembarque.

      • Ônibus executivos (R$ 8) fazem a ligação até a Zona Sul e a Barra da Tijuca. Na Barra, os ônibus passam na Avenida das Américas, região comercial, e não na Avenida Lúcio Costa, onde ficam os hotéis. O transbordo pode ser feito no primeiro ponto após o Elevado do Joá (em frente à Igreja São Francisco de Paula) para a linha 179 (sentido Alvorada ou Recreio), que passa nos hotéis.

    • Aeroporto Internacional do Galeão

      • A parada dos ônibus executivos fica no setor de Desembarque. A dos ônibus normais no setor de Embarque, mas a Avenida Brasil é desaconselhável para turistas.

      • Ônibus executivos (R$ 8) fazem a ligação até o Centro, Rodoviária, Zona Sul e a Barra da Tijuca. Para quem vai até a Barra da Tijuca, a melhor opção é via Linha Amarela. Quem vai para os hotéis tem que pegar o ônibus 179 (sentido Central) no Terminal Alvorada.

    • Rodoviária Novo Rio

      • Dentro do próprio terminal, há duas opções: a Integração Metrô (ônibus + metrô: R$ 3,70), e a Integração Barra (R$ 6,80). É recomendável utilizá-las: apesar de haver um terminal urbano próximo, a região não é das melhores.

  • Salvador

    • Aeroporto

      • A melhor opção é o ônibus executivo Aeroporto x Praça da Sé. Custa R$ 6,40 e passa pelos principais hotéis, centro e terminal marítimo.

  • Goiânia

    • Aeroporto

      • O aeroporto Santa Genoveva fica dentro da área urbana. Os ônibus (R$ 2,25) de número 258 (Centro) e 913 (Praça Cívica) vão para o centro da cidade.

  • Curitiba

    • Aeroporto

      • Ônibus executivos circulam de 06h à meia-noite e levam ao centro da cidade por R$ 8,00.

      • A famosa estação-tubo da cidade está presente no Aeroporto (setor desembarque). O Ligeirinho vai para Rodoferroviária e Centro (R$ 2,50).

    • Rodoferroviária

      • Tanto a estação-tubo do ligeirinho (cor cinza) quanto o ponto de parada do corredor biarticulado (cor vermelha) ficam em frente ao terminal. Para o centro, é melhor usar o biarticulado, sentido Campo Comprido (R$ 2,50).

28 de junho de 2009

7° Passeio Ciclístico Rodas da Paz - Eu fui!

Tive o enorme prazer de participar hoje do tradicional Passeio Ciclístico do Rodas da Paz. Foi uma grande festa, mas também um lembrete ao GDF: não esquecemos da promessa dos 600 km de ciclovias.

Parabéns ao pessoal do Rodas pela organização, que foi excelente!

No mais, fiquei surpreso em ver o número de bicicletas dobráveis por lá. Até brinquei com um colega, dizendo que era só procurar um casal com 2 Dahons que com certeza seríamos eu e minha esposa. Ledo engano: vi pelo menos 3 casais assim, um inclusive equipado com duas Curves aro 16. Até Bromptons apareceram por lá!

Com a falta de espaço das habitações atuais, as dobráveis são uma tendência irreversível mesmo.

10 de junho de 2009

Aluguel de bicicletas em Brasília suspenso - e tem gente comemorando

Ontem, o TCDF mandou suspender a licitação para escolha da empresa que operaria o sistema de aluguel de bicicletas aqui na capital federal. Agora vejam a reação da nossa "iluminada" imprensa, com alguns comentários meus:

A licitação de aluguel de bicicletas foi suspensa. Amém! Aluguel de bicicletas no DF parece a coisa mais ridícula que já passou por aqui, vamos combinar.

Os exemplos de Paris e São Paulo discordam.

Só queria entender: quem é que vai, em uma cidade geograficamente malvada com seus moradores, alugar uma bicicleta e sair para trabalhar para desafogar o trânsito?

A cidade é geograficamente excelente: relevo pouco acidentado, sete meses por ano de sol todo santo dia, e a baixa umidade do ar que faz com que você possa pedalar sem ficar todo suado. As "maldades" são construídas pelos habitantes daqui: as tesourinhas, as passarelas horrorosas sob o Eixão...

Alguém já parou para pensar que a maioria dos trabalhadores da cidade trabalham de terno ou roupa social? A maior parte desses funcionários “enternados” é funcionário público e jamais deixará o seu Civic para andar de bike por aí?

Existe uma grande invenção da humanidade tão velha quanto a gravata: o armário! Eu trabalho de terno e é lá (no trabalho) que os meus ficam. Gravatas podem ficar trancadas em alguma gaveta - todo servidor público que se preze tem uma. E eu não sei de onde ele tirou que "os servidores" andam de Civic. O salário com gratificações de um servidor de nível superior, com 10 anos de concurso, na carreira mais numerosa do serviço público é R$ 3.083,12.

Que os trabalhadores mais pobres da cidade mal têm dinheiro para pagar ônibus ou metrô, quem dirá para alugar um “camelo” para sair cidade afora?

Certo, mas entre o servidor do Civic (que não é nem de longe a maioria) e o faxineiro existe um mundo de gente. Além do mais, se a pessoa já tem que pagar R$ 3,00 para ir da Rodoviária até a Esplanada, por exemplo, de ônibus, ela pode pagar no aluguel da bicicleta, chegar mais rápido, e ainda fazer algum exercício.

Que nossos motoristas ainda não são educados para repeitar pedestres, tampouco ciclistas, e que correm o sério risco de aumentar o número de acidentes com eles?

Então, a cidade é dos motoristas. E quem quiser se arriscar que conte com sua própria sorte. O que vem primeiro: a eduação do motorista ou a ocupação da cidade pelos cidadãos? Acho que é mais fácil começar pela segunda opção.

Uma funcionária deste jornal, por exemplo, foi atropelada enquanto seguia a ideia do governo e usava bicicleta e ciclovia para vir trabalhar, há três semanas.


Parece que a culpa foi dela e/ou do governo, e não do motorista, que segundo o CTB tem o dever de proteger o ciclista.

6 de junho de 2009

Adeus, GM! (Por Michael Moore)

Link original: http://www.michaelmoore.com/words/message/index.php?id=248

Esta excelente tradução foi encontrada na Internet. Se você for o autor, identifique-se e eu terei imenso prazer em colocar seus créditos.


Escrevo na manhã que marca o fim da toda-poderosa General Motors. Quando chegar a noite, o Presidente dos Estados Unidos terá oficializado o ato: a General Motors, como conhecemos, terá chegado ao fim.

Estou sentado aqui na cidade natal da GM, em Flint, Michigan, rodeado por amigos e familiares cheios de ansiedade a respeito do futuro da GM e da cidade. 40% das casas e estabelecimentos comerciais estão abandonados por aqui. Imagine o que seria se você vivesse em uma cidade onde uma a cada duas casas estão vazias. Como você se sentiria?

É com triste ironia que a empresa que inventou a "obsolescência programada" – a decisão de construir carros que se destroem em poucos anos, assim o consumidor tem que comprar outro – tenha se tornado ela mesma obsoleta. Ela se recusou a construir os carros que o público queria, com baixo consumo de combustível, confortáveis e seguros. Ah, e que não caíssem aos pedaços depois de dois anos. A GM lutou aguerridamente contra todas as formas de regulação ambiental e de segurança. Seus executivos arrogantemente ignoraram os "inferiores" carros japoneses e alemães, carros que poderiam se tornar um padrão para os compradores de automóveis. A GM ainda lutou contra o trabalho sindicalizado, demitindo milhares de empregados apenas para "melhorar" sua produtividade a curto prazo.

No começo da década de 80, quando a GM estava obtendo lucros recordes, milhares de postos de trabalho foram movidos para o México e outros países, destruindo as vidas de dezenas de milhares de trabalhadores americanos. A estupidez dessa política foi que, ao eliminar a renda de tantas famílias americanas, eles eliminaram também uma parte dos compradores de carros. A História irá registrar esse momento da mesma maneira que registrou a Linha Maginot francesa, ou o envenenamento do sistema de abastecimento de água dos antigos romanos, que colocaram chumbo em seus aquedutos.

Pois estamos aqui no leito de morte da General Motors. O corpo ainda não está frio e eu (ouso dizer) estou adorando. Não se trata do prazer da vingança contra uma corporação que destruiu a minha cidade natal, trazendo miséria, desestruturação familiar, debilitação física e mental, alcoolismo e dependência por drogas para as pessoas que cresceram junto comigo. Também não sinto prazer sabendo que mais de 21 mil trabalhadores da GM serão informados que eles também perderam o emprego.

Mas você, eu e o resto dos EUA somos donos de uma montadora de carros! Eu sei, eu sei - quem no planeta Terra quer ser dono de uma empresa de carros? Quem entre nós quer ver 50 bilhões de dólares de impostos jogados no ralo para tentar salvar a GM? Vamos ser claros a respeito disso: a única forma de salvar a GM é matar a GM. Salvar a preciosa infra-estrutura industrial, no entanto, é outra conversa e deve ser prioridade máxima.

Se permitirmos o fechamento das fábricas, perceberemos que elas poderiam ter sido responsáveis pela construção dos sistemas de energia alternativos que hoje tanto precisamos. E quando nos dermos conta que a melhor forma de nos transportarmos é sobre bondes, trens-bala e ônibus limpos, como faremos para reconstruir essa infra-estrutura se deixamos morrer toda a nossa capacidade industrial e a mão-de-obra especializada?

Já que a GM será "reorganizada" pelo governo federal e pela corte de falências, aqui vai uma sugestão ao Presidente Obama, para o bem dos trabalhadores, da GM, das comunidades e da nação. 20 anos atrás eu fiz o filme "Roger & Eu", onde tentava alertar as pessoas sobre o futuro da GM. Se as estruturas de poder e os comentaristas políticos tivessem ouvido, talvez boa parte do que está acontecendo agora pudesse ter sido evitada. Baseado nesse histórico, solicito que a seguinte ideia seja considerada:

1. Assim como o Presidente Roosevelt fez depois do ataque a Pearl Harbor, o Presidente (Obama) deve dizer à nação que estamos em guerra e que devemos imediatamente converter nossas fábricas de carros em indústrias de transporte coletivo e veículos que usem energia alternativa. Em 1942, depois de alguns meses, a GM interrompeu sua produção de automóveis e adaptou suas linhas de montagem para construir aviões, tanques e metralhadoras. Esta conversão não levou muito tempo. Todos apoiaram. E os nazistas foram derrotados.

Estamos agora em um tipo diferente de guerra - uma guerra que nós travamos contra o ecossistema, conduzida pelos nossos líderes corporativos. Essa guerra tem duas frentes. Uma está em Detroit. Os produtos das fábricas da GM, Ford e Chrysler constituem hoje verdadeiras armas de destruição em massa, responsáveis pelas mudanças climáticas e pelo derretimento da calota polar.

As coisas que chamamos de "carros" podem ser divertidas de dirigir, mas se assemelham a adagas espetadas no coração da Mãe Natureza. Continuar a construir essas "coisas" irá levar à ruína a nossa espécie e boa parte do planeta.

A outra frente desta guerra está sendo bancada pela indústria do petróleo contra você e eu. Eles estão comprometidos a extrair todo o petróleo localizado debaixo da terra. Eles sabem que estão "chupando até o caroço". E como os madeireiros que ficaram milionários no começo do século 20, eles não estão nem aí para as futuras gerações.

Os barões do petróleo não estão contando ao público o que sabem ser verdade: que temos apenas mais algumas décadas de petróleo no planeta. À medida que esse dia se aproxima, é bom estar preparado para o surgimento de pessoas dispostas a matar e serem mortas por um litro de gasolina.

Agora que o Presidente Obama tem o controle da GM, deve imediatamente converter suas fábricas para novos e necessários usos.

2. Não coloque mais US$30 bilhões nos cofres da GM para que ela continue a fabricar carros. Em vez disso, use este dinheiro para manter a força de trabalho empregada, assim eles poderão começar a construir os meios de transporte do século XXI.

3. Anuncie que teremos trens-bala cruzando o país em cinco anos. O Japão está celebrando o 45º aniversário do seu primeiro trem bala este ano. Agora eles já têm dezenas. A velocidade média: 265km/h. Média de atrasos nos trens: 30 segundos. Eles já têm esses trens há quase 5 décadas e nós não temos sequer um! O fato de já existir tecnologia capaz de nos transportar de Nova Iorque até Los Angeles em 17 horas de trem e que esta tecnologia não tenha sido usada é algo criminoso. Vamos contratar os desempregados para construir linhas de trem por todo o país. De Chicago até Detroit em menos de 2 horas. De Miami a Washington em menos de 7 horas. Denver a Dallas em 5h30. Isso pode ser feito agora.

4. Comece um programa para instalar linhas de bondes (veículos leves sobre trilhos) em todas as nossas cidades de tamanho médio. Construa esses trens nas fábricas da GM. E contrate mão-de-obra local para instalar e manter esse sistema funcionando.

5. Para as pessoas nas áreas rurais não servidas pelas linhas de bonde, faça com que as fábricas da GM construam ônibus energeticamente eficientes e limpos.

6. Por enquanto, algumas destas fábricas podem produzir carros híbridos ou elétricos (e suas baterias). Levará algum tempo para que as pessoas se acostumem às novas formas de se transportar, então se ainda teremos automóveis, que eles sejam melhores do que os atuais. Podemos começar a construir tudo isso nos próximos meses (não acredite em quem lhe disser que a adaptação das fábricas levará alguns anos - isso não é verdade)

7. Transforme algumas das fábricas abandonadas da GM em espaços para moinhos de vento, painéis solares e outras formas de energia alternativa. Precisamos de milhares de painéis solares imediatamente. E temos mão-de-obra capacitada a construí-los.

8. Dê incentivos fiscais àqueles que usem carros híbridos, ônibus ou trens. Também incentive os que convertem suas casas para usar energia alternativa.

9. Para ajudar a financiar este projeto, coloque US$ 2,00 de imposto em cada galão de gasolina. Isso irá fazer com que mais e mais pessoas convertam seus carros para modelos mais econômicos ou passem a usar as novas linhas de bondes que os antigos fabricantes de automóveis irão construir.

Bom, esse é um começo. Mas por favor, não salve a General Motors, já que uma versão reduzida da companhia não fará nada a não ser construir mais Chevys ou Cadillacs. Isso não é uma solução de longo prazo.

Cem anos atrás, os fundadores da General Motors convenceram o mundo a desistir dos cavalos e carroças por uma nova forma de locomoção. Agora é hora de dizermos adeus ao motor a combustão. Parece que ele nos serviu bem durante algum tempo. Nós aproveitamos restaurantes drive-thru. Nós fizemos sexo no banco da frente - e no de trás também. Nós assistimos filmes em cinemas drive-in, fomos à corridas de Nascar ao redor do país e vimos o Oceano Pacífico pela primeira vez através da janela de um carro na Highway 1. E agora isso chegou ao fim. É um novo dia e um novo século. O Presidente - e os sindicatos dos trabalhadores da indústria automobilística - devem aproveitar esse momento para fazer uma bela limonada com este limão amargo e triste.

Ontem, a última sobrevivente do Titanic morreu. Ela escapou da morte certa naquela noite e viveu por mais 97 anos. Nós podemos sobreviver ao nosso Titanic em todas as "Flint - Michigans" deste país. 60% da General Motors é nossa. E eu acho que nós podemos fazer um trabalho melhor.

29 de maio de 2009

Obras nas vias do DF não resolverão congestionamento

Ontem o Correio Braziliense, jornal de maior circulação em Brasília, trazia a notícia de que "obras não resolverão o trânsito".

O que acontece é muito simples: mais vias atraem mais empreendimentos imobiliários que atraem mais carros. Menos trânsito diminui o custo de dirigir o automóvel enquanto a passagem do transporte coletivo continua igual, provocando mudança do comportamento mesmo dos moradores antigos das regiões de influência da obra.

No Rio, por exemplo, a construção da Linha Amarela desafogou o trânsito por alguns meses, mas menos de dois anos após sua inauguração, já estava em obras de expansão novamente.

Parece que finalmente Brasília está se dando conta de que não haverá mais para onde expandir seu sistema viário, realidade que vemos no Rio, em SP, em BH. Vamos ver se, a partir dessa consciência, conseguimos entrar em uma trajetória de mudança, com transporte público melhor e mais barato, mais calçadas e mais ciclovias.

28 de maio de 2009

Táxi em Brasília ficará mais (!) caro

Quem anda de táxi em Brasília como eu sabe que pode se preparar pra botar a mão no bolso quando precisa de um. E agora vai desembolsar mais ainda, com o aumento de até 28,5%.

O valor por km não chegava a ser caro (também não era barato), mas a geografia urbana faz com que precisemos percorrer distâncias longas. Uma corrida do final de uma Asa* até a Zona Central dá 10 km. No RJ, isso equivale a ir do Largo da Carioca à Lagoa; em SP, da Sé a Congonhas.

Para tornar o táxi mais acessível por aqui, algumas empresas dão 30% de desconto para quem chama o veículo pelo telefone. Embora o GDF tenha tentado proibir isso (lobby, alguém?), ainda é possível achar o serviço mais barato.

No preço normal, uma corrida de 10 km na bandeira 1, sem muito trânsito, passará de R$ 18,00 para R$ 22,00.

Diz ainda a página da Secretaria de Transportes:
Será construída uma nova base para os taxistas. A Infraero vai destinar um lote de 20.000 m² para a instalação de um novo ponto de apoio.

Tradução: em vez de resolver o problema de transporte do aeroporto, o GDF quer oficializar as filas de 12 horas em que os taxistas ficam. E 20 mil m²? Haja táxi para esperar!

Mas o pior é esse trecho do Correio Braziliense:
Para Maria do Bonfim, presidente do Sindicato dos Taxistas, as mudanças vieram em boa hora. Em especial a que diz respeito ao reajuste das tarifas. “Ainda não é o ideal(...)"

Não é o ideal? Será que ela já ouviu falar no conceito de elasticidade-preço? Quanto mais caro o táxi fica, menos as pessoas vão andar nele...

Tabela com os novos valores publicada pela Secretaria de Transportes:


Tarifa Antiga

Nova Tarifa

Bandeira 1

R$ 1,40

R$ 1,80

Bandeira 2

R$ 2,10

R$ 2,18

Bandeirada

R$ 3,30

R$ 3,30

Hora parada

R$ 18,00

R$ 20,00



* As Asas Sul e Norte, em Brasília, são os bairros nobres vizinhos ao centro.

19 de maio de 2009

O papel da velocidade

Na revista Época desta semana, a página 52 traz uma reportagem sobre o deputado Carli Filho, que assassinou duas pessoas dirigindo um carro de luxo em altíssima velocidade, bêbado e com uma CNH que deveria estar suspensa. Bem, eu não vou ficar aqui chutando cachorro morto, dizendo que isso é um absurdo e que pessoas assim têm que ficar atrás das grades.

O que me chamou a atenção é que não só toda a revista é recheada com anúncios de automóveis, como na página 51 - no verso da página que fala sobre os tais assassinatos - há um anúncio parabenizando os pilotos de uma certa corrida por terem sido os mais rápidos na categoria.

Afinal, velocidade é uma coisa boa, ou ruim? Os americanos costumam dizer: "the speed that thrills is the same that kills". Traduzindo: a velocidade que dá emoção (prazer) é a mesma que mata.

Em um país como o Brasil, onde a cidadania ainda tem que caminhar muito, a ênfase tem que estar no risco que a velocidade representa para nossos pedestres, nossas crianças, nossos idosos. Com todo respeito ao esporte - se é que operar uma máquina pode ser realmente considerado esporte -, dirigir rápido jamais poderia estar ligado a poder, sucesso e fama.

É de muito mau gosto parabenizar pilotos por essa conduta na mesma semana em que duas pessoas tiveram uma morte tão trágica e cruel.

24 de abril de 2009

Bicicletário no Conjunto Nacional

O shopping Conjunto Nacional, no centro de Brasília, acaba de reabrir seu bicicletário. A iniciativa é excelente e merece parabéns. Aos domingos, com o fechamento do Eixão, o local é facilmente acessível de bicicleta. Mas durante a semana, também dá.

A notícia do blog do Transporte Ativo diz que há um shopping em Brasília que costuma expulsar os ciclistas de sua área, sem dizer qual é. Eu digo com todas as letras, porque já aconteceu comigo e com minha esposa: é o Pátio Brasil. Pior é que o shopping ainda se diz "ecológico".

Desnecessário dizer que eu não compro mais nada no Pátio, nem casquinha de sorvete. Todos os ciclistas deveriam fazer o mesmo.

3 de abril de 2009

Segurança real e psicológica

Os centros das cidades grandes brasileiras são lotados de gente e carros de dia, e se transformam em ambientes desertos nas duas horas após o término do expediente. Esse padrão de ocupação urbana dá margem a vários tipos de problemas nessas regiões: pichação, vandalismo, moradores de rua. A cidade fica feia e desagradável.

Em certos locais, a região se transforma mesmo, após a saída dos trabalhadores, em um polo de tráfico de drogas ou prostituição. Por exemplo, a "cracolândia", em SP; a Avenida Atlântica, no RJ; a via S2, entre o Setor de Diversões Sul e o Setor Hoteleiro Sul, em Brasília. Não vou discutir os problemas e soluções para a criminalidade, porque não é minha área.

Em outros lugares, o que impera não é a insegurança em si, mas a sensação de perigo. É assim na região da Praça da Sé, em SP; na Avenida Presidente Vargas, no RJ; na via W3 Sul, Brasília.

É curioso notar que nessas regiões passam grandes quantidades de carros e ônibus, mas pouca gente está por ali a pé ou de bicicleta. Isso gera um ciclo vicioso onde cada vez mais gente opta por se isolar desses locais e portanto maior fica a sensação de abandono e risco. E no fim das contas, quem pode, usa o automóvel.

Em termos de ações violentas, é mais seguro estar a pé que de carro. Mas o sentimento de insegurança por estar a pé, por estar "exposto", é uma coisa séria. Tão séria que muita gente a tomar uma decisão de compra de R$ 10, 20, 30 mil -- um carro que às vezes nem seria tão necessário -- tendo este fator como preponderante.

10 de março de 2009

Uso de transporte público nos EUA é o maior em 52 anos

Segundo esta notícia, o número de viagens em transporte coletivo cresceu 4% nos EUA em 2008. O nível seria o maior desde 1956 - e olha que tivemos duas crises do petróleo aí no meio.

O motivo? O preço da gasolina que "bateu recordes em 2008", chegando a R$ 2,50 o litro (US$ 4 por galão). Isso lá, porque aqui já é esse preço faz tempo.

O aumento do uso do transporte público foi também acompanhado por um declínio no número de km viajados em automóvel. A redução foi de 3,6% ou 174 bilhões de km.

Nada como mexer no bolso do pessoal. Notem que o aumento na demanda não foi causado por melhores ônibus, ou mais linhas de metrô, mas simplesmente pelo preço de usar o automóvel particular.

5 de março de 2009

Meu desafio intermodal particular

Com a volta às aulas, o trânsito de Brasília fica mais complicado. Ou melhor, volta ao nível de complicação usual.

Para comprovar o quanto estamos próximos do caos, resolvi fazer meu próprio desafio intermodal. Saí de casa para o trabalho depois do almoço durante 4 dias no mesmo horário (13h50) usando um GPS de bolso. Vejamos como foram os resultados:

Modo

Tempo (min)

Km percorridos

Velocidade média

A pé

20

1,96

5,9 km/h

Bicicleta

15 (inclui estacionamento)

2,1

8,4 km/h

Carro (carona)

14 (não inclui estacionamento)

3,05

13,1 km/h

Transporte Coletivo

18

0,40 a pé +
4,70 de ônibus

17,0 km/h


Interessante: o ônibus tem velocidade média maior, mesmo contando com o tempo de espera. Isso porque nesse caso ele só anda por vias maiores - não passa, por exemplo, nas comerciais, que são obrigatórias para sair de automóvel.

Não considero que a bicicleta perde para o carro nessa comparação - afinal, arrumar vaga em 1 minuto às 14h10 na área central de Brasília é tirar a sorte grande.

Em termos de custos, a tarifa do ônibus é R$ 2,00; 3 km de carro custam aproximadamente R$ 1,30 em combustível e manutenção de peças, desconsiderando os custos fixos do automóvel.

16 de fevereiro de 2009

DF: Linhas transversais, urgentemente!

Toda cidade com um sistema de transporte um pouco mais sofisticado tem quatro tipos de linhas:
1) as radiais, que ligam bairro a centro;
2) as diametrais, que ligam bairro a bairro passando pelo centro;
3) as transversais (ou interbairros), que ligam bairro a bairro sem passar pelo centro;
4) as locais, que ligam bairros a um subcentro mais próximo.

Em qualquer sistema, é comum, por razões históricas, a predominância de linhas radiais sobre as demais. A operação das diametrais começa a ficar difícil quando o trânsito do centro fica saturado. As locais são fruto muitas vezes de incursões do transporte "alternativo". Já as transversais são relegadas a segundo plano. É assim em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte.

Em Brasília, é um pouco pior.

Tirando as linhas radiais, que são muitas, mas com frotas pequenas, há realmente poucas opções.

As poucas linhas diametrais são tímidas, limitando-se a ir ao Terminal Asa Sul quando vêm da Saída Norte ou ao Terminal Asa Norte quando vêm da Saída Sul. Ambos os terminais ainda são dentro do Plano Piloto, onde fica a Zona Central. Não existe, por exemplo, uma linha Sobradinho - Guará, ou São Sebastião - Taguatinga.

As linhas locais são praticamente restritas às que vão a Taguatinga Centro, praticamente o único subcentro que existe no Distrito Federal.

Faltam muitas linhas transversais, principalmente em trajetos curtos. Depois perguntam por que o brasiliense anda tanto de carro. O ônibus que faz o trajeto da 402 Norte à 502 Sul (136.7) passa de 45 em 45 minutos para um trajeto que não demoraria 15 minutos. Como faço para ir de Águas Claras ao vizinho Guará II? Se houvesse integração, ok, pelo menos no horário do metrô. Mas e se eu não quiser pagar R$ 5 pelo trajeto de 6 km? Mais um carro para congestionar a EPTG.

E há casos piores, que só se resolvem com novas linhas mesmo. Como fazer para ir da 608 Norte (ou Sul) à 708 Norte (ou Sul)? São 2 km a pé ou 9 km de ônibus -- escolha ingrata, não? Do Sudoeste para o Aeroporto? De carro, 12 km; de ônibus, 24. Da QI 9, no Lago Sul, para a Esplanada? Para a elite motorizada, 6 km; para o resto de nós, 15.

Eu sei, eu sei, estamos todos esperando o Brasília Integrada. Vamos ver se ele resolverá o problema. Se as linhas forem só as que estão aí, a resposta é não.


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608 Norte a 708 Norte


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Sudoeste - Aeroporto: de carro, fácil.


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Sudoeste - Aeroporto: já de ônibus...


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QI 9 - Esplanada: a ponte é só pra quem tem carro.


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QI 9 - Esplanada: quem não tem, dá a volta.

21 de janeiro de 2009

O poder do constrangimento

Em diversos blogs de pedestres e ciclistas, eu vejo que as pessoas se sentem impotentes diante de uma máquina de 2 toneladas na sua frente. E com razão. Porém, essa mesma máquina é operada por um ser humano. Mais razão ainda para ter medo? Sim e não.

Sim porque os seres humanos falham. Quando um motorista falha, quase sempre, alguém acaba ferido ou morto. Não é à toa que nos filmes futuristas, os veículos são conduzidos por um sistema automático qualquer. A presença de um ser humano ali é um risco constante.

Por outro lado, seres humanos (até mesmo motoristas) têm sentimentos tais como compaixão, medo e vergonha. E isso, de vez em quando, pode ser útil.

Ontem, eu estava desembarcando do ônibus que vai do Metrô Tatuapé ao Aeroporto de Guarulhos. O ônibus tem piso baixo, o que significa mais ou menos da altura da calçada. Porém, no ponto final, havia um carro parado no ponto de ônibus, com um motorista tranquilamente cochilando enquanto aguardava algum passageiro chegar. O motorista do ônibus não pensou duas vezes: colocou todo mundo pra descer no meio da rua, com mala e tudo.

Eu podia, é claro, ter reclamado com o motorista do ônibus. Aí eu pensei: o coitado já trabalha no trânsito de SP, não vou estressá-lo mais ainda. Vou reclamar com o verdadeiro culpado: o sujeito folgado que parou o carro em frente à placa do ponto de ônibus e foi tirar uma soneca.

Sem brigar, disse "oi, com licença, o senhor está parado no ponto de ônibus" e apontei pro pessoal descendo no meio da rua atrás de mim. Ele me olhou de alto a baixo como quem diz "quem é você". Eu insisti: "o senhor está atrapalhando, aqui é um ponto de ônibus", mostrei a placa, e fui embora pegar meu voo. Quinze segundos depois, o ponto de ônibus estava desocupado.

É o poder do constrangimento. Deveríamos tentar isso mais vezes. Às vezes, funciona.

A propósito, se não funcionar, não compre briga sozinho: pedestres e ciclistas são mesmo o lado mais fraco da corda.

8 de janeiro de 2009

"Manda quem pode, obecede quem tem juízo"

Esse post é fruto de uma discussão na lista de e-mails do Transporte Ativo.

O Fantástico apresenta uma nova série sobre finanças pessoais: chama-se "Manda quem pode, obedece quem tem juízo". No quadro, o orçamento da família fica na mão de uma menina adolescente, sob a orientação de um especialista no assunto.

A tal família, composta de pai mecânico, mãe dona-de-casa e 3 filhas adolescentes tem uma renda mensal de R$ 2.000 e mora numa casa própria, boa mas simples, em um bairro popular do Rio. Apesar do aperto, eles têm um Fox novinho, pelo qual pagam uma prestação de R$ 691!

Como bem apontado pelo colega listeiro Alvaro Berbel, entre as dicas de economia doméstica do especialista não estava a venda do veículo. Então: será que se desfazer do carro melhoraria a situação da família? Ou eles acabariam gastando mais andando de ônibus?

O pai trabalha, mas pode ir de bicicleta, como mostrado na própria reportagem. Suponho que as filhas estudem em colégios públicos, uma vez que em nenhum momento aparecem mensalidades ou matrícula de escola e nem material escolar, e portanto não pagariam ônibus de 2ª a 6ª-feira.

Num cenário otimista, durante a semana, a mãe conseguiria cuidar de seus afazeres a pé. Uma saída de ônibus no sábado ou no domingo custaria à família 10 passagens. Como a tarifa no Rio é R$ 2,20, teríamos R$ 88 por mês. Economia: R$ 603 ou 30% do orçamento doméstico + gasolina + IPVA.

Num cenário conservador, digamos que a mãe gaste 3 passagens por dia para ir ao banco, supermercado, etc., então 21 por semana. No final de semana, digamos que eles saiam 2 vezes, que dá 4 passagens para cada pessoa, ou 20 por semana. Seriam então 180 passagens por mês. Isso dá R$ 396. Economia: R$ 295 ou 15% do orçamento doméstico + gasolina + IPVA.

Mas vamos dizer, num cenário pessimista, que todo mundo andasse de ônibus todos os dias, pagando, e alguém andasse ainda 2x por dia. Estaríamos falando de 360 passagens de ônibus por mês, ou R$ 792. Ou seja, R$ 99 a mais que a prestação do carro. Mas o carro ainda tem gasolina, manutenção (eu sei, o pai é mecânico, mas as peças não devem ser de graça) e IPVA, e no Rio, é bom ter seguro. Economia: pelo menos R$ 60 ou 3% do orçamento doméstico (sem contar as passagens que eles já gastam hoje).

Para uma família que está comprando miojo no cartão de crédito, qualquer uma das alternativas seria um alívio, não?

2 de janeiro de 2009

Feliz Ano Novo sem carro!

Nota: Precisei ficar sem escrever no blog algumas semanas, mas estou de volta.

Pela primeira vez, passei o Ano Novo em Brasília, onde moro. Normalmente, eu iria para o Rio de Janeiro.

Ir para o Rio é quase uma garantia de passar o réveillon sem carro, a não ser que você queira se aborrecer bastante. Há 3 anos atrás, resolvi ir de carro para Copacabana. Deixei minha esposa no apartamento de uns amigos e fui procurar vaga para estacionar. Tive que dirigir até o Catete (5 km) para encontrar uma. Isso porque tive sorte.

Esse ano, fomos para a Esplanada dos Ministérios. Não pela música, mas pelos fogos. O GDF previa 400 mil pessoas. É gente à beça. Na Rodoviária, tinha ônibus, é claro, vindos das cidades satélites. Mas quem mora no Plano Piloto tinha que ir a pé ou de carro. Fui a pé e em meia hora de caminhada, não vi um ônibus sequer.

O resultado foi o previsível. Milhares de carros para estacionar. O problema não foi exatamente falta de vagas -- infelizmente, a Esplanada é um grande estacionamento hoje em dia. O problema é que os motoristas, folgados como sempre, não queriam parar nas vagas mais distantes.

E aí começou o caos. Centenas de carros estacionados em cima das calçadas. Sobre os viadutos da L2, mais algumas dezenas. Outros tantos pararam nos gramados dos acessos. Teve gente estacionada até no ponto de ônibus. (Não, não é em frente ao ponto de ônibus. Foi dentro do ponto de ônibus mesmo.)

Fiquei feliz por ter ido a pé. Quer coisa pior que começar o ano já dando uma de espertinho?