Ontem, o presidente Lula disse que é hora de comprar. Afinal "deixando de comprar as fábricas não produzem mais automóveis e outros bens duráveis, o que pode fazer com que as montadoras de veículos promovam demissões" (grifo meu).
Duas afirmações, no mínimo, duvidosas.
Comecemos pela última. É claro que, se as fábricas não produzem, elas vão colocar gente pra fora. Porém, a indústria automobilística, que é a preocupação maior do presidente, mudou bastante nos últimos anos. O setor era intensivo em mão-de-obra, sendo quase automaticamente associado à figura do operário. Hoje, é intensivo em capital, com a maior parte das tarefas automatizada, seja por questões de segurança, qualidade ou produtividade.
As montadoras hoje empregam 113 mil pessoas. E isso ainda inclui ônibus e caminhões (mas a gente não vê o Lula falando "vamos comprar mais ônibus"). É pouca gente para o investimento dezenas de bilhões em máquinas, equipamentos, pesquisa e desenvolvimento e, claro, propaganda.
Aí tem os famosos "empregos indiretos". Ou deveríamos dizer "subempregos"? Alguém aí quer trabalhar em concessionária, oficina, estacionamento, posto de gasolina, lava-jato, ferro-velho? (Eu sei que é melhor que a fila do INSS, mas vamos pensar no custo de oportunidade...)
Ah! E "o setor gera impostos". Mas tirando todos os incentivos fiscais e para-fiscais (como empréstimos a juros camaradas no BNDES), e os custos de externalidades (poluição, congestionamentos e "acidentes"), não se justifica.
Passemos então à primeira afirmação: é hora de comprar alguma coisa? Com a renda fixa rendendo 13% ao ano, o dólar a R$ 2,50 e o IBOVESPA em 35 mil pontos, eu diria que sim. É hora de comprar títulos do Tesouro e talvez ações. Automóvel? Nem pensar.
6 de dezembro de 2008
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