Esse post é fruto de uma discussão na lista de e-mails do Transporte Ativo.
O Fantástico apresenta uma nova série sobre finanças pessoais: chama-se "Manda quem pode, obedece quem tem juízo". No quadro, o orçamento da família fica na mão de uma menina adolescente, sob a orientação de um especialista no assunto.
A tal família, composta de pai mecânico, mãe dona-de-casa e 3 filhas adolescentes tem uma renda mensal de R$ 2.000 e mora numa casa própria, boa mas simples, em um bairro popular do Rio. Apesar do aperto, eles têm um Fox novinho, pelo qual pagam uma prestação de R$ 691!
Como bem apontado pelo colega listeiro Alvaro Berbel, entre as dicas de economia doméstica do especialista não estava a venda do veículo. Então: será que se desfazer do carro melhoraria a situação da família? Ou eles acabariam gastando mais andando de ônibus?
O pai trabalha, mas pode ir de bicicleta, como mostrado na própria reportagem. Suponho que as filhas estudem em colégios públicos, uma vez que em nenhum momento aparecem mensalidades ou matrícula de escola e nem material escolar, e portanto não pagariam ônibus de 2ª a 6ª-feira.
Num cenário otimista, durante a semana, a mãe conseguiria cuidar de seus afazeres a pé. Uma saída de ônibus no sábado ou no domingo custaria à família 10 passagens. Como a tarifa no Rio é R$ 2,20, teríamos R$ 88 por mês. Economia: R$ 603 ou 30% do orçamento doméstico + gasolina + IPVA.
Num cenário conservador, digamos que a mãe gaste 3 passagens por dia para ir ao banco, supermercado, etc., então 21 por semana. No final de semana, digamos que eles saiam 2 vezes, que dá 4 passagens para cada pessoa, ou 20 por semana. Seriam então 180 passagens por mês. Isso dá R$ 396. Economia: R$ 295 ou 15% do orçamento doméstico + gasolina + IPVA.
Mas vamos dizer, num cenário pessimista, que todo mundo andasse de ônibus todos os dias, pagando, e alguém andasse ainda 2x por dia. Estaríamos falando de 360 passagens de ônibus por mês, ou R$ 792. Ou seja, R$ 99 a mais que a prestação do carro. Mas o carro ainda tem gasolina, manutenção (eu sei, o pai é mecânico, mas as peças não devem ser de graça) e IPVA, e no Rio, é bom ter seguro. Economia: pelo menos R$ 60 ou 3% do orçamento doméstico (sem contar as passagens que eles já gastam hoje).
Para uma família que está comprando miojo no cartão de crédito, qualquer uma das alternativas seria um alívio, não?
8 de janeiro de 2009
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2 comentários:
Concordo plenamente.
É apenas uma questão de prioridades.
Só uma observação. Eu vi o quadro e digo o seguinte: tenho pena daquele sujeito.
Abraços.
Sabe que tudo isso pode dar certo? Eu não preciso do carro rs... o carro é que precisa de mim! Vou dar um jeito de colocar isso na minha cabeça e dar um sumiço naquele "parasita" rs.
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