19 de maio de 2009

O papel da velocidade

Na revista Época desta semana, a página 52 traz uma reportagem sobre o deputado Carli Filho, que assassinou duas pessoas dirigindo um carro de luxo em altíssima velocidade, bêbado e com uma CNH que deveria estar suspensa. Bem, eu não vou ficar aqui chutando cachorro morto, dizendo que isso é um absurdo e que pessoas assim têm que ficar atrás das grades.

O que me chamou a atenção é que não só toda a revista é recheada com anúncios de automóveis, como na página 51 - no verso da página que fala sobre os tais assassinatos - há um anúncio parabenizando os pilotos de uma certa corrida por terem sido os mais rápidos na categoria.

Afinal, velocidade é uma coisa boa, ou ruim? Os americanos costumam dizer: "the speed that thrills is the same that kills". Traduzindo: a velocidade que dá emoção (prazer) é a mesma que mata.

Em um país como o Brasil, onde a cidadania ainda tem que caminhar muito, a ênfase tem que estar no risco que a velocidade representa para nossos pedestres, nossas crianças, nossos idosos. Com todo respeito ao esporte - se é que operar uma máquina pode ser realmente considerado esporte -, dirigir rápido jamais poderia estar ligado a poder, sucesso e fama.

É de muito mau gosto parabenizar pilotos por essa conduta na mesma semana em que duas pessoas tiveram uma morte tão trágica e cruel.

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